quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mais da metade dos brasileiros acredita que 2013 será de prosperidade econômica

Laure Castelnau, diretora de marketing
e desenvolvimento de negócios do
IBOPE Inteligência
Diretora do IBOPE Inteligência fala sobre o otimismo do brasileiro
Recente pesquisa divulgada pelo IBOPE Inteligência mostra que, além dos empresários (ver post anterior), o brasileiro de modo geral está confiante em relação à economia em 2013. Realizada em 54 países, com 55.817 entrevistados, a pesquisa mostra que 57% dos brasileiros acredita que este ano será de prosperidade econômica, o que coloca o país como a terceira nação mais otimista. O otimismo no Brasil, que é 60% superior à média global de 35%, só é superado pelas populações da Geórgia (69%) e do Azerbaijão (58%).
Leia a entrevista com Laure Castelnau, diretora de marketing e desenvolvimento de negócios do IBOPE Inteligência, sobre os resultados da pesquisa e o que mais influencia o clima de otimismo percebido no Brasil e no mundo.
Podemos afirmar que o brasileiro é um povo otimista ou essa disposição é resultado da atual conjectura do País?
Desde a década de 2000, o Brasil está entre os cinco países mais otimistas do mundo. De 2000 para cá, quando perguntamos à população se o ano que vem será melhor do que o atual, a resposta, na maioria das vezes, é muito positiva. Mas se a gente olhar 30 anos atrás, veremos que não era assim!. Na década de 80, pós-ditadura, o patamar da população que dizia que o próximo ano seria melhor estava em torno dos 40%, mas do ano 2000 para cá esse patamar passou para pelo menos ¾ da população. Essa diferença no otimismo do brasileiro tem a ver com os últimos 20 anos, nos quais, tivemos governos estáveis, planos econômicos que deram certo, melhorias nas áreas sociais e na educação. Há uma série de coisas dando certo no País. Embora haja muito no que avançar ainda, as pessoas vivem melhor no Brasil do que viviam antigamente.
Como avaliar o fato do índice de otimismo do brasileiro ser 60% superior à média global?
Os europeus estão ”puxando” o índice global para baixo. Nesse momento, com a crise na zona do euro, a grande maioria da população europeia está muito pessimista. O Brasil, por sua vez, passou quase ileso pelas crises globais. O Brasil sentiu pouco a crise mundial, temos agora uma economia mais estável, um país mais sólido. Tivemos a visível ascensão da classe C, tendo mais acesso à educação e a bens de consumo que antes não tinha. A inflação é outro ponto importante. Embora os índices tenham subido um pouco no ano passado, faz 20 anos que não sabemos o que é uma inflação de 80% ao mês, como acontecia no passado. Outro ponto muito importante é taxa de desemprego, a menor dos últimos anos, em torno dos 6%.
Quais os fatos de 2012 que você considera mais relevantes para os índices de otimismo registrados no País?
As eleições foram importantes, assim como tudo que aconteceu na área pública, como o julgamento do mensalão, por exemplo. Os Brasileiros queriam ver a justiça acontecer.
A classe DE é a que mais acredita na prosperidade econômica, em contrapartida a classe AB é a menos otimista. Qual o motivo dessa diferença?
A diferença é pequena, temos 55% de otimistas na classe AB e 60% na classe DE. Considerando a margem de erro da pesquisa, essa diferença pode ser pequena. Mas podemos explica-la porque a população de mais baixa renda é menos crítica e menos exigente do que a de as pessoas de maior renda. Qualquer mudança positiva na vida das classes DE tem um impacto importante, enquanto a classe mais rica precisa de mudanças mais fortes para que isso reverbere e as pessoas passem a acreditar que o futuro será melhor. A diferença é o nível cultural e o nível de exigência e de conforto na vida. A classe mais baixa tem menos conforto, então qualquer coisa que melhore e traga mais conforto passa a ser um fenômeno extremamente positivo.
Isso também acontece em relação às diferenças nos resultados entre as regiões do País? E os índices em relação à idade?Sim. Por região tem a ver com a classe, nas regiões mais otimistas, Norte, Centro-Oeste e Nordeste, a proporção de classes baixas é mais elevada, então o otimismo geral dessas regiões é mais elevado também. Em relação à idade a diferença é pequena também. Entre os mais jovens o índice de otimismo é de 62% e entre os mais velhos é de 55%. Podemos dizer que os mais velhos são mais céticos, já passaram por muita coisa na vida. Já os mais jovens são mais impetuosos, é natural que eles sejam mais otimistas.
Nove das 10 nações mais pessimistas estão na Europa, refletindo a crise econômica do continente. Qual perspectiva você vê para esses países?
É uma tristeza, mas é um fato. A zona do euro passa por uma enorme dificuldade. Eu também estaria pessimista se estivesse lá! Não está fácil viver na Europa, as taxas de desemprego estão elevadíssimas, como na Espanha, na Grécia, em Portugal. E ainda por cima, há os conflitos internos não resolvidos. A Europa tem razões para estar pessimista. Por outro lado, fiquei surpresa com a recuperação dos Estados Unidos, que hoje já apresenta indicadores mais positivos.
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